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quinta-feira, 18 de agosto de 2011


Carvão ilegal usado em 36 indústrias

Investigação mostra que exploração irregular destruiu 190 km² do Cerrado e da Caatinga em Minas Gerais e Bahia

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O balanço é o seguinte: 39 pessoas detidas por crimes fiscais e ambientais, R$ 84,2 milhões de multas aplicadas, e apreensão de ferro-gusa (material utilizado para fabricação do aço) em duas siderúrgicas. Apesar de toda a punição, 190 km² do Cerrado e da Caatinga, em Minas Gerais e Bahia, não existem mais. Era assim que 36 indústrias trabalhavam a pleno vapor nos dois Estados. As matas e florestas eram parte fundamental na cadeia ilegal de produção de carvão para a siderurgia.
A investigação, iniciada há um ano, foi executada pelo Ministério Público da Bahia e de Minas Gerais, em parceria com as Polícias Civil e Rodoviária Federal, além do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Ao menos 257 empresas foram inspecionadas e houve a detecção de 36 siderúrgicas que utilizaram material ilegal.
Segundo o Ibama, houve a devastação de 19 mil hectares de floresta nos dois biomas (190 km²), uma área que é quase cinco vezes o tamanho do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. A mata nativa derrubada estava no Norte de Minas Gerais e no Oeste da Bahia. A madeira era utilizada na produção de carvão, vendido a siderúrgicas para ser transformado em ferro-gusa, material empregado na fabricação do aço.
A descoberta da fraude, segundo Luciano de Menezes Evaristo, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, aconteceu depois de uma análise na falsa operação logística montada para o fornecimento de material. A partir dos dados encontrados no sistema de Documento de Origem Florestal (DOF), foi descoberto um esquema de produção de carvão em Goiás, Mato Grosso e Pará, que depois era transportado para a Bahia e, a partir de lá, distribuído para cidades mineiras.
“Só que essa movimentação logística é inviável. Nos perguntamos o porquê de atravessadores, que eram empresas de fachada instaladas na Bahia, na venda de carvão. O fato chamou a atenção e acabou provocando a operação”, complementa Evaristo.
De acordo com o Ministério Público da Bahia, entre os crimes registrados estão a utilização de fornos ilegais para produção de carvão e o uso de documentação irregular.
Das prisões, 17 foram feitas em cidades mineiras, como a dos dois empresários de duas siderúrgicas detidos na última sexta-feira. Outras 22 detenções ocorreram na Bahia, como a dos sete funcionários da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, suspeitos de serem os responsáveis por fraudar os créditos nos sistemas federal e estadual.
"Isso significa que o pólo siderúrgico brasileiro não pode continuar vivendo da exploração de matas nativas da Caatinga e do Cerrado, biomas considerados frágeis", afirmou Evaristo. Amanhã carvoarias devem ser destruídas na Bahia e também no Norte de Goiás, dando continuidade à operação.

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